"Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente…" Rm 12.2
MEU ENCONTRO COM PAUL WASHER

Mas então, na semana passada, fui para a conferência da editora Fiel onde ele era o palestrante principal. Nos corredores ouvi várias histórias dele sobre a vez que ficou até duas da manhã depois de pregar conversando com todos que estavam presentes um tanto de outros casos impressionantes. Ao final da primeira palestra, o aglomerado ao seu redor dava uma certa pena do pregador que, após dormir apenas duas horas no vôo para o Brasil na noite anterior, estava preso ali no meio. Na noite de autógrafos dele, a fila era muito, muito grande.
Ouvi duas pregações na conferência das quais gostei muito. Por um lado, ele não tinha aquele conteúdo extensivo que o Steve Lawson, Joel Beeke ou Hernandes Dias Lopes expunham. O Pr. Paul atacava um mesmo ponto com poucos textos bíblicos auxiliares, mas a sua paixão pela Palavra era cativante. Conversando com alguns a respeito dele, houve o comentário de que lhe faltava um maior aprofundamento nas escrituras. Realmente, comparado com os outros, ele folheou pouco a Bíblia, não que isso tire da mensagem dele. É apenas uma constatação.
Passada a conferência, tive a oportunidade de estar na Universidade do Mackenzie na noite em que ele pregou. Mais uma vez, a multidão espantava. O que inicialmente seria uma pregação das 19 às 21 horas tornou-se duas pregações, uma às 19 e outra às 20. O auditório Ruy Barbosa só comportava mil pessoas. Quando o auditório estava lotado, ainda haviam mais mil e quinhentos do lado de fora. Assisti a primeira sessão, na qual Washer repetiu uma palavra pregada na conferência. Mas, dessa vez, contextualizou a pregação aos jovens universitários, devido ao ambiente no qual estava. Sua paixão pela Palavra é contagiante, sem dúvida. Mas confesso que não foi a sua pregação que me impactou…
No intervalo entre uma e outra palestra, tive a oportunidade de subir no palco do auditório e ficar nos bastidores. Lá estavam alguns professores e diretores do Mackenzie junto com os diretores da Editora Fiel, o tradutor, Pr. Heber Campos Jr., e o Pr. Paul. A experiência que passei nessa hora foi algo… humilhante. Após a pregação, o Pr. Paul tinha que pegar um carro do Mackenzie até o aeroporto de Guarulhos de onde partiria de volta para os EUA. Para tanto, ele teria que encurtar a sua mensagem e terminar pontualmente até as 21:15. Nos minutos que antecederam a segunda parte, os organizadores corriam de lá pra cá acertando seus discursos e encurtando o que diriam. No meio desse alvoroço todo, Washer estava com uma cara de medo, olhando para o chão, quieto. Em pé ao lado dele, não pude deixar de sentir um certo espanto com a cena. O tradutor chegou para ele e falou: “Você tem que terminar até às 21:15 para chegar ao aeroporto a tempo. Você precisa voltar para casa hoje. Por misericórdia à sua esposa, volte hoje. Não a conheço, mas você precisa voltar hoje, para cuidar dela.” Não entendi direito a cena. O Pr. Heber parecia estar convencendo um suicida a não pular do topo do prédio. O Pr. Paul tinha a mesma expressão, quase triste. Washer então disse: “Eu vou até 21:15, mas se tiver gente chorando, eu não volto para casa hoje.”
Fiquei olhando aquele homem durante os próximos instantes, meio estarrecido com o ocorrido. Parecia ser um homem tão simples, sem pompa nenhuma. Seu sapato era meio surrado, sua roupa era apenas o que a ocasião pedia, uma calça com camisa social. De repente ele levantou a cabeça e olhou para mim. Olhou no meu olho e estendeu a mão para mim e disse: “Oi. Qual é o sei nome?” Respondi e apertei a sua mão. E ele disse: “É um prazer te conhecer, Andrew.” Minutos depois, veio alguém e disse: “Está na hora de começar.” E os dois seguiram para o palco do auditório.
Fiquei espantando com aquilo. O “grande Paul Washer”, famoso pregador do Youtube com todas as suas palavras denunciando o falso evangelho, toda aquela reputação, toda a atenção em torno dele… e eu aqui de pé do lado de um homem tão simples, tão acessível e genuinamente simpático e caridoso. Nos poucos momentos que pude o observar tanto no corredor quanto na conferência da Fiel assinando livros e batendo foto após foto, observei um olhar tão carinhoso e ao mesmo tempo determinado.
Após suas palestras, me deu vontade de entrar nos livros, cair de joelhos e orar para ser o próximo Paul Washer! Queria ter aquele poder da palavra, uma paixão na minha voz, ser aquele grande impacto na minha geração!
Mas para quê? Como blogueiro, quero sempre trazer uma palavra que edifique a vida de alguém, mas também tenho um orgulho que corre no fundo querendo trazer uma grande palavra para produzir uma grande reação! Quero ser um grande instrumento nas mãos de Deus, alguém que abale mentes e corações e quero ser reconhecido como tal. Imagino que todo blogueiro lute com esse sentimento. Quero varrer a teologia da prosperidade do mapa, levar os neopentecostais ao quebrantamento, abalar as estruturas das “igrejas tradicionais frias”, fazer e acontecer! Quero tudo isso! E quero que pessoas me congratulem pelo trabalho feito e me reconheçam como um homem exemplar!!
Mas… para quê?
Daí volto para aquele homem com um olhar tão carinhoso que estendeu a mão para mim, que fez questão de perguntar a um estranho o seu nome. Só por isso. E saber que por trás disso não havia uma intenção de impressionar nem nada. Ele queria apenas estender aquele amor de Cristo a mim. E isso foi… humilhante.
Nessa noite virei fã não do pregador do Youtube, nem do profeta que veio para abalar o evangelicalismo superficial tão comum nos dias de hoje. Virei fã de um homem completamente apaixonado pelas escrituras, a ponto de deixar a sua esposa do outro lado do globo esperando mais um dia para vê-lo. Virei fã de um cara simples a beça que quer compartilhar a beleza de conhecer a Cristo com todos à sua volta. Fiquei fã desse homem que simplesmente estendeu a mão para saber meu nome. Virei fã do “grande profeta” que morre de medo de subir no púlpito pra pregar, mas quando chega lá o faz com uma paixão contagiante.
Esse post é um tanto diferente dos de sempre, mas tive que compartilhar essa minha experiência de conhecer um homem especial. Só espero que eu seja capaz de ser como ele pelas razões certas… simplesmente por amor a Cristo.

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